terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O 1° MAMÃO

Alice parecia perceber que aqueles preparativos todos eram pra ela ser a estrela principal. Uma nova experiência estava a caminho.

Papai e titia na atividade - abre a cadeirinha, corta o mamão, amassa tudinho, pega o paninho, põe babador, pega colherzinha, câmera na mão! Alice, no colo da mamãe, acompanhava todos os movimentos com a maior atenção, como se esperasse a deixa pra entrar em cena - sentamos ela diante do prato.

Alice olhava fixamente pr'aquele laranja todo, parecia pensar – ok! agora é comigo! essa é a minha parte!

Papai direcionou a colherzinha, a boquinha foi abrindo e a lingua pra fora - fófa!! Deu uma experimentadinha, sorriu pra titia empolgada (a empolgada aqui é a titia), voltou pra colher e mandou ver!

Linda!! Comeu tudinho!!!

De noite, veio o resultado... êh cocô fedido :)

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Na 2a feira, mamãe não conseguia sair de casa. Não conseguia abrir mão de ver a Alice comer com a babá.

A cena: Alice sentada na cadeirinha muito maior do que ela, a Raquel em frente dando a maçã amassadinha - , Alice mastigandinho, babava a papinha e buscava a próxima colherada. Compenetradíssima, sacudia as perninhas e comia tudo.

Saí de casa chorando. Porque ela estava comendo tão bonitinha, que emoção! Porque estou deixando de ser exclusiva pra ela e me sentindo menos importante (é bobagem, mas é o que sinto). Por tristezinha por não poder acompanhar este novo momento mais de perto. Pela ansiedade e cobrança interna de ter que orientar "no escuro", sem ter treinado o bastante.

Neste momento me dou conta de como é importante o papel da babá, depende muito dela o sucesso das novas empreitadas da vidinha da Alice. Tem que ter sensibilidade e paciência pra perceber como ela está reagindo, saber quando insistir, quando desistir, quando esperar, quando retomar, quanto oferecer.

Pedi à Raquel pra escrever sobre o dia da Alice - como foi a alimentação, se mamou também, quanto mamou, se brincou, se rolou, se caiu, se chorou. O resultado tem sido reconfortante e também engraçado pela falta de habilidade da moça na escrita. Mas até que ela progrediu...

Enfim... é a rotina que precisamos criar para cuidar dos nossos bebês. O importante é perceber que não estar do lado não significa estar longe. Não presenciar todos os momentos não significa ser ausente. Todo o ambiente que construímos e cuidamos para atender às necessidades da criança é parte do mesmo amor que sentimos por ela.

Com isso esclarecido no coração (essa parte é mais difícil, mas temos que exercitar) os momentos "do lado" e "presente" tornam-se apenas tão importante quanto os demais, e não os de recuperar o tempo perdido. O que esses momentos tem, na verdade, são valores diferentes para nós. Mas pro bebê faz parte do cuidado e do carinho por ele.

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